31 de maio de 2009
28 de maio de 2009
Eu não sou eu. As lágrimas que choro não saem dos meus olhos. Eu não sou eu. Mas é a mim que vês sentada num tapete verde. Este corpo que vibra com o cheiro, com o toque, pertence-me. Pertence-te. Eu não sou eu. A dor imensa não é minha. O peito como que esmagado por uma pedra não é meu. Mas é ao meu corpo que tomas nos braços, que apertas junto a ti. É o meu corpo que se abriga, mais e mais, no teu. Eu não sou eu. Sou espectadora numa história que não me pertence.
26 de maio de 2009
Tem o coração partido em milhares de pedaços, pequenos, minúsculos, quase desfeitos. Está desfeita. Sem rede. Não existem amores impossíveis. Se é impossível é porque não é amor. Hoje começa, de novo, a reconstruir-se, a regenerar-se. A ela e ao coração. Pedaço a pedaço. Ao coração e à vida. Sem deadline para tão árdua tarefa. Só a certeza de que é possível.
25 de maio de 2009
do fim da história
No princípio era o fado. Está escrito ali em baixo, onde se conta a noite em que a inocência ainda não tinha sido perdida, desbaratada, quando a vida era simples. Depois veio o Bird. Ontem conjugaram-se numa ruela de Lisboa. Houve olhares e sorrisos, quase gargalhadas, cúmplices. Hoje espera-se pelo fechar do ciclo. Guardam-se memórias em comportamentos estanques. Não estão catalogados. Haverá tempo para isso quando deixar de doer. Para marcar o fim da história.
24 de maio de 2009
21 de maio de 2009
[falsas] expectativas
A vida é tão mais fácil, tão mais simples, mais leve, quando não esperamos nada.
20 de maio de 2009
17 de maio de 2009
16 de maio de 2009
12 de maio de 2009
desabitada
Acordo com um enorme vazio no peito, preciso de respostas, mesmo sabendo que nunca serão suficientes as palavras ditas e repetidas, preciso que me expliques, por A mais B, como aqui chegamos e para onde nos leva esta viagem, que me contes com palavras doces como se vive sozinha a maior ilusão. Preciso de preencher o vazio e nenhuma das formas de compensação me parecem hoje suficientes. Preciso de transformar o vazio num abraço apertado, sem pedir mais nada, sem desejar mais do que isso, apenas sentir a certeza, a minha e a tua, de querer estar independentemente de tudo.
6 de maio de 2009
A casa cheira a incenso, a banho acabado de tomar, cheira a baunilha e a caramelo, cheira às velas que queimam pela escada acima e desenham sombras chinesas na parede contrária. Cheiros que substituem outros que me ficaram colados à pele. Tento lavar a alma na procura da imagem perfeita, salto entre livros de fotografia, contos e histórias antigas. Quero esquecer outras imagens demasiado fortes. Já passaram tantos dias e continuo a ter fotogramas com cheiro e cor a saltarem-me à frente dos olhos, estão lá quando adormeço entre os lençóis brancos, sorriem-me quando acordo e deixo a luz entrar no quarto. São imagens de olhares, gestos, toques, tudo conjugado numa valsa vienense que agora danço sozinha no meio do salão.
E aos primeiros acordes o coração faz-se muito pequenino, a culpa é do calendário, do calor afrodisíaco, da saudade, mas desta vez outra, mais recente, a culpa é da vontade que não há meio de morrer, mesmo com certidão de óbito exigida durante vários dias. As palavras de outro tempo, que me estavam coladas à pele porque eram parte de uma história feliz, regressam agora, uma por uma, com novo significado, mais sentidas, com novas personagens, envoltas num perfume doce a cheirar a baunilha.
3 de maio de 2009
A vontade é proporcional à certeza que nada vai mudar, por isso fico quieta no meu canto, não faço nada, sento-me à espera que passe, numa versão de encher os dias com amigos, mimos, sorrisos e cumplicidades. Quero tanto que as folhas saltem todas de uma vez do calendário, quero tanto apagar as memórias doces de ir ao tapete, quero tanto que a pele esqueça o que não passou de uma promessa, quero tanto que deixe de doer. Quero tudo isto na exacta proporção em que quero ter-te aqui e adormecer no teu peito como fizemos tantas vezes nos mil anos que levamos disto.
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