6 de maio de 2009

A casa cheira a incenso, a banho acabado de tomar, cheira a baunilha e a caramelo, cheira às velas que queimam pela escada acima e desenham sombras chinesas na parede contrária. Cheiros que substituem outros que me ficaram colados à pele. Tento lavar a alma na procura da imagem perfeita, salto entre livros de fotografia, contos e histórias antigas. Quero esquecer outras imagens demasiado fortes. Já passaram tantos dias e continuo a ter fotogramas com cheiro e cor a saltarem-me à frente dos olhos, estão lá quando adormeço entre os lençóis brancos, sorriem-me quando acordo e deixo a luz entrar no quarto. São imagens de olhares, gestos, toques, tudo conjugado numa valsa vienense que agora danço sozinha no meio do salão.

Sem comentários: