8 de setembro de 2009

da paixão ii

Castrop deixou-se arrebatar pelos ares do Carnaval, pelo ponche, pela mistura de champanhe com Borgonha, e lá pediu um lápis a Clawdia. Ela chama-lhe bourgeois, humaniste et poète, pergunta-lhe porque demorou tanto tempo, não o leva a sério e diz-lhe que vai partir. Ele declara-se. Ela parece ficar indiferente. E esta é a parte que não percebo. Como pode uma mulher ficar indiferente a um homem que lhe quer sentir o odor da pele da rótula, que lhe fala da sua cápsula articular e do seu óleo lúbrico ou da artéria femoralis?

"Para mim, isto é como um sonho, sabes, estarmos aqui assim sentados – comme un rêve singulièrement profond, car il faut dormir très profondément pour rêver comme cela... Je veux dire: C’est un rêve bien connu, rêvé de tout temps, long, éternel, oui, être assis près de toi comme à présent, voilà l’éternité."

A montanha mágica, Thomas Mann

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