5 de abril de 2008

traições

Ela, no lugar dele, fazia o mesmo, arranjava um amante, alguém que lhe dessa a atenção de que ela o priva, que lhe massajasse o ego, coisa que ela deixou de fazer há muito, entretida em encontrar os defeitos que justificassem a ausência de sentimento. Até pode nem ser bem uma amante, ela não sabe, não tem certeza de nada, apenas desconfia, deixa-se corroer aos poucos, sem argumentos para avançar, sem dados concretos, apenas uma ligeira impressão no estômago, um nó na garganta, um vazio na alma. Mas mesmo sem certezas, apenas com medo, com dúvidas, ela confronta-o, diz-lhe tudo, que desaprendeu de confiar, que ali se passa qualquer coisa, que há coisas que não são normais, que ele não é o mesmo. É ódio e raiva e desilusão o que ela lhe lê no rosto. É mágoa e traição e fúria que ele lhe atira a cara. Os argumentos não vencem, não convencem, são vazios, esfumam-se pelas frestas das janelas, vão pegar-se aos ramos mais altos das árvores mais altas, inacessíveis. Ele já mentiu uma vez, o que o impede de voltar fazer o mesmo?

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