7 de setembro de 2013

do cansaço


e ao sétimo dia seguido o despertador volta a tocar à hora marcada, demasiado cedo para um sétimo dia. acordo no lado errado da cama, estico o braço, desligo o despertador. espreguiço-me e penso que é só mais uma manhã, que não falta quase nada para o fim-de-semana, que só tenho que escolher a 'farda' para mais um dia, que depois posso vestir os calções, calçar os chinelos, apanhar a primeira t-shirt que estiver na gaveta. o corpo move-se como se não estivesse de dever horas à cama, a água a cair-me sobre a cabeça e os pensamentos já a mil na conversa que me espera, o filme de ontem à noite, o caminho até ao trabalho, se apanho a auto-estrada ou se tenho tempo para me deixar perder nas curvas da marginal, o sonho transformado em pesadelo, as perguntas a fazer, o livro que lerei deitada na areia mal despache o trabalho, que não me posso esquecer do ipad, que no regresso preciso de passar no supermercado. as mãos que espalham o creme no corpo, que pegam o pincel da base, que agarram o secador, tudo em modo automático mas decidido. uma mulher com um objectivo, pelo sétimo dia seguido. e ao sétimo dia e meio, quando finalmente posso deixar a armadura e vestir o meu melhor sorriso de não fazer nada, o carro segue como que por vontade própria a caminho de casa. o corpo recusa-se a reagir e as ordens que o meu cérebro lhe transmite são ostensivamente ignoradas. e aqui fico, esticada no sofá, colada ao sofá, incapaz de outra coisa que não seja respirar.

[a única coisa em comum entre a foto e o post é obviamente o sofá]

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