7 de setembro de 2013

das palavras

Há uma palavra perdida em qualquer sítio: 
talvez na casa ao lado, talvez no patamar
por onde se passou a caminho da rua. O cão 
de manhã, farejou por ali - como se 
a procurasse; e alguém a terá pisado, sem 
saber que as palavras também podem cair 
ao chão. "Amor", ou "nada", ou apenas 
"amanhã": uma palavra igual a uma destas 
sem mais nem menos sentido, como se 
uma palavra não custasse, por vezes, 
a dizer; ou como se as palavras se 
 pudessem deitar assim, da boca para o chão. 

[Nuno Júdice]

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