Há uma palavra perdida em qualquer sítio:
talvez na casa ao lado, talvez no patamar
por onde se passou a caminho da rua. O cão
de manhã, farejou por ali - como se
a procurasse; e alguém a terá pisado, sem
saber que as palavras também podem cair
ao chão. "Amor", ou "nada", ou apenas
"amanhã": uma palavra igual a uma destas
sem mais nem menos sentido, como se
uma palavra não custasse, por vezes,
a dizer; ou como se as palavras se
pudessem deitar assim, da boca para o chão.
[Nuno Júdice]
Sem comentários:
Enviar um comentário