deito-me na cama, barriga para baixo, o edredon a cobrir-me até aos ombros, as mãos seguram o queixo. há horas que chove copiosamente. e à distância não se vê mais que o edifício das traseiras, alguns metros lá em baixo. excepto quando a noite se faz dia, quando a luz se acende e ilumina até à outra ponta da cidade. e depois o estrondo. uma árvore a cair no meio de uma floresta. uma grua a desabar na cidade. cansa-me o frio, a chuva, o inverno que ainda nem começou. cansam-me os dias cinzentos, amolecem-me a alma, que trago mais pesada. ao ponto de não saber se há quatro dias me dói a alma ou a cabeça. há sempre os versos de bernardo soares: "dói-me a cabeça porque me dói a cabeça. dói-me o universo porque a cabeça me dói."
Sem comentários:
Enviar um comentário