28 de novembro de 2011

da vida e da falta dela

[restless, gus van sant]

não li uma única crítica ao restless de gus van sant antes ou depois de entrar na sala um do king. não faço ideia do que dizem os entendidos, se para eles é tão óbvio como para mim que um filme tão centrado na morte, não é senão um filme sobre a vida. e eu tive que esperar que a sala esvaziasse antes de me atrever a levantar, fungando. podia dizer que a culpa é da TPM, e elaborar longamente sobre as hormonas e o efeito das mesmas sobre o saco lacrimal, mas não vale a pena. tenho uns quantos argumentos para andar a chorar pelos cantos, pelo que um dia que chega ao fim sem que não chore desalmadamente é um dia bom, dia em que não fique pelo menos de lágrima ao canto do olho é de abrir uma garrafa de qualquer coisa e festejar. as boas notícias é que felizmente estes últimos tem sido cada vez mais frequentes e a Cristas afinal não aumentou o IVA do vinho. Adiante, porque apesar dos motivos, exagero nas lágrimas. resteless é um filme sobre a vida, sobre a amizade, o amor adolescente e essas coisas tontas, e além de ter uma fotografia linda, a lembrar os filmes dos anos 70, tem tudo aquilo que eu gostaria de poder fazer agora, todos os dias, a toda a hora. tem passeios de mãos dada, tem brincadeiras sem sentido, tem caminhadas pelo campo, tem gargalhadas, passeios à beira rio, livros e músicas partilhadas, tem lágrimas, porque todo o grande amor só é grande ser for triste, tem beijos à chuva, tem muito mimo e partidas de Halloween que a mim me fizeram lembrar uma ida ao Ikea e de como ligamos um número considerável de cronómetros de cozinha, todos marcados para tocar daí a cinco minutos. E depois ficamos por perto, a assistir da plateia às reacções. Sim, somos infantis. Somos e gostamos tanto de ser.

“I’ve sung every morning since I met you”

1 comentário:

Tomás disse...

Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.