11 de julho de 2013

dos hospitais


há anos ganhei uma aversão absoluta, ao nível da urticária, às quatro estações de vivaldi porque era a música que me entrava pelos ouvidos enquanto esperava ao telefone, num crescendo de medo, que me dessem notícias da minha irmã, salva pela inteligência de um médico de província, que a mandou a tempo para um hospital decente, onde foi operada a um traumatismo craniano. ainda hoje a tal música me deixa nervosa, ainda que demore cada vez mais tempo a lembrar-me porque, com a memória daqueles dias guardada na sub-cave. mesmo à distância os hospitais geram-me ansiedade. é certo que lido melhor quando dou entrada como paciente, distraída com qualquer maleita que me lá levou. agora, enquanto me preparo mentalmente para entrar num, para acompanhar de fora uma cirurgia a uma das pessoas mais importantes da minha vida, tenho um nó na garganta. sei que vai correr tudo bem, sei que daqui a umas horas estará em casa, talvez dorido, provavelmente de mau humor, resmungão, mas não consigo evitar o medo, o nervoso miudinho. só espero que nos corredores não toque vivaldi.   

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