os dedos aceleram no teclado, letra a letra, palavra, frase, enter, palavra, frase, enter, os dedos aceleram ao ritmo do batimento cardíaco. Do outro lado, o meu interlocutor já deve ter perdido o fio à meada, mas lá diz, parece-me que a medo, se é que as palavras que aparecem na janela do skype podem ter um tom, 'ok, toquei num ponto sensível'. o b. está a contar-me que tem uma proto-namorada e depois vem a conversa que gostam muito um do outro e vem a conversa do sexo, ao que consta devoram-se, e depois para que eu não fique mal impressionada até admite que casava com ela. a conversa descamba quando ele diz que por ele até se casava, que ela é que não quer, que ela quer a sua liberdade. é ai que me passo porque a conversa é-me demasiado familiar. somos a geração do não fode nem sai de cima, e por muito que o b. me diga que isso até fazem [menos! há imagens que não preciso de ter na minha cabeça] isso não me faz desacelerar. letra a letra, palavra, frase, enter, palavra, frase, enter. mas é quando o b. diz que acha que tocou num ponto sensível que me desato a rir, os colegas da junta a levantar a cabeça, a gargalhada a ressoar na sala. mais calma pergunto-lhe se não acha que tenho razão, concede, dá-me alguma. alguma? como alguma? só isso? a resposta, a lógica: ' a nossa visão é perturbada pelo grupo de pessoas que continuam disponíveis e que são mesmo assim. é uma amostra seleccionada. os que são menos assim casaram, engordaram, tiveram filhos, desapareceram de circulação.' ah! então as pessoas que estão solteiras é que deviam ir todas tratar-se. ah, não? ah! alguns tem defeito. pois. é por isso que estamos solteiros, sem filhos e acima de tudo magros. nem tudo é mau afinal.
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