15 de junho de 2010

[Hedi Slimane]



'anda meio mundo à procura de meio mundo e ninguém se encontra', a frase é de um post que anda algures perdido na blogosfera e que faz parte das minhas memórias inúteis. é tão boa, a frase, faz tanto sentido, que não pode ser esquecida. E depois há alturas em que não andas à procura de coisa nenhuma e encontras, ou achas que encontras, e de um momento para o outro há qualquer coisa que parecem borboletas, e há sorrisos tontos, e toques de mãos, e vontade de acordar de manhã, mas depois, de repente, sem aviso, porque contigo não poderia ser de outra forma, começas a racionalizar tudo, porque nada pode acontecer sem explicação, nada pode acontecer sem ser programado, porque não estás apaixonada, apenas deslumbrada pela possibilidade de, ao fim de tanto tempo, ainda te conseguires apaixonar. e tanto racionalizas, tanto esmiúças, que o encanto se perde algures entre a última cerveja da noite e os primeiros raios de sol, e de novo sem aviso, já nada faz sentido a não ser a urgência de bater com a porta, de acabar com o que nem sequer começou. e dizes tudo, como quem vomita, numa raiva e numa frieza que não entendes de onde vêm, dizes tudo e respiras de alívio. vais dormir mais descansada, mais leve, mas acordas com um peso no peito porque em sonhos percebeste que aquela não és tu, aquele bloco de pedra não és tu e os olhos doces de que te lembras não merecem aquelas palavras, não merecem que mates à nascença toda e qualquer hipótese do que agora nada será. e ficas impotente porque não sabes lidar com a dor que causas nos outros, porque só sabes como lamber as tuas próprias feridas, porque em ti o tempo tudo cura e [quase] nada é para sempre. nada fazes porque entre a impotência, e a vontade que volta, e as saudades que formam um nó na garganta, entre tudo isso e um mal maior, preferes viver com as primeiras, e ficas queda, calada, em sossego.

8 comentários:

Ana disse...

Estou sem palavras...

Eva disse...

A isto eu chamaria medo, medo da felicidade que se sente já e da eventual cabeçada que já dói antes de se sentir. De facto, assim é mais fácil, acaba-se a incerteza ficamos com a certeza da cabeçada porque somos nós que damos com ela na parede... sempre dá uma sensação de controlo, pelo menos dói porque nós queremos, e não... sem aviso.
Ainda ninguém me provou que a razão ajuda à felicidade, mas já vi várias vezes afugentá-la...

me disse...

querida sem aviso : se algum dia decidires formar um clube, dà um toque. que a coisa jà tem ares de epidemia mundial.

e sim.
fumar mais pelas mesmas razoes que se fumava menos.
talvez ajude.

I.

Anónimo disse...

Parece um texto saído do meu Moleskine.

Sou apologista desse clube...

Sal disse...

clube? qual clube? eu não quero ser antipática, o que na verdade não iria surpreender ninguém, mas isto não é um clube. isto sou eu a fazer merda.

Sal disse...

eva, é mais ou menos isso

Poetic Girl disse...

Vivemos mesmo num mundo totalmente desencontrado quer-me parecer... bjs

Dia disse...

foi o fta que escreveu essa do meio mundo, não foi?
foi lá que nos encontrámos. Não tá mal...