Há alturas em que não há bom senso que resista. Leio-te e penso que tens toda a razão do mundo, um anjo a espreitar-me por cima do ombro, a dizer-me que aquilo que me passa pela cabeça não devia sequer existir em sonhos, porque nesses somos inimputáveis e não haveria juiz ou júri que me condenasse. Dizes que Deus anda outra vez com os seus planos estranhos, a inventar argumentos de mau gosto, rogas as pragas do costume, mesmo sabendo que não terão qualquer efeito, mas cumpres o teu papel, suplicas-me que me mantenha quieta, mãos nos bolsos, cara fechada, que guarde o meu melhor sorriso porque sabes o efeito que tem, que me feche numa redoma. Eu rio-me, a verdade é que desde ontem que não faço outra coisa, penso que hoje talvez rezes por mim, para me manteres protegida, é um sinal do quanto me queres, logo tu que sabes como doeu, e que contaste todas as lágrimas que chorei. Sei que te devia dar ouvidos, mas há alturas em que não há lucidez que resista.
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