9 de setembro de 2009

parrallel lines

© Sarah Maingot

não me conformo que tenham substituído as velhas carruagens com janelas de guilhotina por compartimentos hermeticamente fechados onde se respira o ar gélido e saturado que sai por umas frinchas rente aos pés, que não me deixem encavalitar nas janelas, uma nesga aberta por onde fazia sair a cabeça e os ombros, quase sempre em esforço, a velocidade que não deixava respirar, o ar engolido depois em golfadas com a cara virada para trás, não me conformo que não limpem as janelas, que do outro lado do vidro a paisagem não parece mais do que um esboço desfocado do que podia ser, que me enfiem em comportamentos higienicamente disfarçados, onde fumar é proibido e onde não posso sequer abrir a porta para fumar um cigarro sentada nos degraus.

Sem comentários: