imagino as velhas sentadas em bancos desdobráveis dispostos junto ao muro que rodeia a praça, sentadas com as mãos encavalitadas no colo, imagino as moças e moços, aqui só se podem chamar assim, que dançam em passo corrido ao som da banda, olhos brilhantes, respiração ofegante, imagino as crianças, as mãos ainda pegajosas do algodão doce, em correrias desenfreadas e sem destino à volta dos pares, a cara suada, o cabelo colado à testa, os miúdos por detrás da igreja, os primeiros cigarros fumados a medo, as primeiras cervejas compradas às escondidas, os bandos de raparigas sentadas na escadaria, sob olhar atento das mães, a sonhar com o primeiro beijo, a pensar no fim dos amores de Verão, e os velhos à porta do café, copo de vinho na mão, sentados por afinidades, as mesmas que os sentam lado a lado durante as tardes no largo dos correios enquanto a aldeia vai passando pela avenida.
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