Sentados com vista para o rio trocamos banalidades, rodeamos o assunto com pezinhos de lá, falamos do tempo, da praia, de trabalho, das férias que ainda faltam, evitamos a vida, fugimos ao tema, numa espécie de dança que se não fosse atabalhoada, pelos sorrisos envergonhados, os olhos a fugir, as mãos que não sabem onde param, seria um tango, como aquele ali em baixo. Descemos e subimos colinas na noite quente, ensinas-me as constelações, caminhamos lado a lado, em passo lento, em trocas de risos e roçagares de mãos, e de repente a tua mão nas minhas costas, como quem me ampara o caminho, e eu a suster a respiração, a pensar que talvez assim o tempo pare, talvez os ponteiros não girem nos relógios e os sinos das igrejas da cidade emudeçam, talvez o arrepio se prolongue além do infinito.
1 comentário:
o arrepio se prolongue...
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