12 de junho de 2009

ressaca

Seguir em frente significa perceber que um provérbio japonês tatuado num tornozelo faz mais sentido do que aquilo que queria acreditar. Cais sete, levantas-te oito. Levanto-me, lambo as feridas e recomponho-me todas as vezes que forem precisas. Sempre o soube.

A ressaca de uma semana — já viste que parecem ter passado três meses, também sentes que o tempo se expande e condensa sem sentido quando nada sabe nada? —, parece hoje mais difícil de suportar, sei que um dia esta dor não será mais do que uma memória doce. É estranho que uma dor seja doce. Não. A dor só acontece porque tem por detrás uma história com sentido, intensa e vivida com um enorme prazer.

Seguir em frente significa perceber e aceitar a impossibilidade, mesmo insistindo que este não é um romance russo do século xix. Seguir em frente é procurar e encontrar novos hábitos, novas moradas, novos rumos, traçados na geografia da cidade que nunca foi nossa. Aos poucos tento perceber o quanto de mim ficou depois de tudo acabar. Transformo-me. Aprendo e aplico novos conceitos.

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