28 de abril de 2009

a [nossa] história

A chuva cai miudinha, constante, molha os cabelos, os casacos, molha os sorrisos de uma história feliz. Chega-te a mim, entrelaça o teu braço no meu, posso sempre dizer que tenho medo de escorregar na calçada, deixa-me segredar-te ao ouvido uma história feliz. Porque esta é uma história feliz, por muito que insistam em estragá-la, corrompe-la, maltrata-la. É uma história de encontros improváveis, de cumplicidades que acontecem sem aviso, de conversas e gargalhadas à frente de um copo de vinho, uma história que mete a rua do amor e cigarros partilhados, em que um saxofonista toca só para eles [tenho a certeza que naquela noite tocou só para eles] numa praça com nome de capital europeia, uma sala monumental de onde fogem sem saberem ainda que fogem deles próprios, uma história de madrugadas adocicadas por sorrisos, com direito a pequeno-almoço a muitos metros de altitude, de despedidas difíceis e de saudade, aquele sentimento ainda indefinido, a fazer riscos na parede, a matar os minutos até à próxima vez. E do rio que os viu sorrir, não a eles, mas aos olhos por saberem por fim que a espera não tinha sido em vão, reencontrados numa madrugada que se fez quase dia.

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